Para os inocentes que acreditam que Ọdẹ[1] carrega apenas arco e flecha e que essas ferramentas servem somente para as suas caçadas, é bom ter muito cuidado com as distâncias estabelecidas entre vocês e Ele, especialmente quando pensarem afrontá-lo de qualquer forma que seja. Com seu irmão Ògún[2], Ọdẹ não só tomou para si a autoridade na arte da caça, que exige paciência e agilidade para prover a fartura do ẹran[3] às suas famílias, como também aprendeu as estratégias essenciais da arte da guerra, para conquistar espaços e defender seus povos. Do General, ganhou o direito ao uso da espada e, acreditem, ela faz grande estrago.
Fica a dica: Se correr a flecha pega, se ficar a espada come!
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Aos que pensam que esse texto foi publicado em homenagem ao dia de hoje, desapeguem! Não tem nada a ver. Apesar de na Bahia se carregar a tradição do paralelismo religioso (muito confundido com o sincretismo religioso) e de se associar São Jorge a Oxóssi, essa é uma relação que já não cabe mais na minha caminhada.
Com todo o respeito aos que continuam nessa fé e sem deixar de acreditar na luz que o santo católico emana aos seus devotos, quando bato meu orí[4] para reverenciar o Caçador, as vibrações tem uma só direção e são certeiras, como a flecha que parte do seu arco. Essas reverências são a qualquer dia e a qualquer hora, porque o Orixá me acompanha a todo Tempo. Não preciso esperar a próxima quinta, tão pouco o dia 23 de abril para estabelecer essa conexão.
E eu disse que esse texto não era pelo dia de hoje, não foi!? Bem... Talvez eu esteja enganado e ele sirva para alguma coisa.
Òkè Àró!
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[1] Divindade da caça, da fartura e da guerra. Caçador. No Brasil é confundido com Oxóssi, que é um tipo de Ọdẹ, um tipo de Caçador.
[2] Divindade da guerra e dos metais.
[3] Carne.
[4] Cabeça.
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