Ultimamente os ventos andam soprando forte pelos lados de cá. Eles balançam as árvores e agitam as águas da minha aldeia. De certo, para um Caçador, esses são sinais de mudanças. Mas isso seria uma coisa boa ou ruim!? Observar é sempre prudente. Sentir é mais que necessário. Tomar a decisão é correr um grande risco! Mas o que é o risco para um Caçador!? Logo para nós, que sempre enfrentamos o perigo sem temê-lo... Que percorremos caminhos escuros para prover a fartura aos nossos povos... Que enfrentamos o vento frio de Iku com a quentura dos nossos corações... Pois está aí! Coração... Para quem segue nesse mundo com o coração limpo o peso de uma decisão nunca será um motivo de arrego.
Hoje, ao entrar no Ilê Axé Opô Aganju pela primeira vez, senti a brisa de Oxalá. Ela veio para acalmar todos os movimentos. Não por um acaso ser em uma casa de Xangô. Justiça! Oyá me recebeu e que logo me levou à Casa de Xangô para reverenciá-lo, depois o próprio Xangô mandou chamar Obá, para que fizesse uma conexão. Odé e Obá sempre se encontram! Ofá. Mais um pouco e os Ogãs me levaram até ele. Nada programado e em nenhum momento imaginei que viveria o que vivi no dia de hoje. Caminhamos para trás do barracão e ainda no meio do caminho eu percebi o que acontecia. Na porta da casa estava escrito “Bàbá Fatumbi”.
Eu sempre disse que tinha uma certa inveja de quem conheceu e conviveu com o Pierre Verger. Sempre pensei em como seria encontrá-lo para uma boa prosa sobre fotografia e povo negro.
Hoje eu tive o meu encontro com ele. Hoje eu senti a presença “viva” do Fatumbi! E hoje veio dele a resposta para a minha pergunta. “Aláfia!”
---
Adupé, Fundação Pierre Verger, Babalorixá Balbino Daniel de Paula (Obaràyí), Fabiana de Oyá, Márcia de Obá e aos Ogãs Welington e Didio.
-------
Comments