Hoje, ao acordar, recebi a triste notícia da passagem de Mãe Tieta de Yemanjá, Mãe Pequena do Ilê Axé Ìyá Nassô Oká (Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho da Federação). 84 anos de idade e mais de 70 anos de iniciada no candomblé. Uma mulher que carregou fundamentos e histórias vividas dentro do Axé, caminhando ao lado de grandes personagens dessa religião de matriz africana.
Toda vez que uma pessoa com tanto tempo no Axé deixa o aiyê[1], sinto uma sensação estranha que me deixa abatido e pensativo. Quando uma dessas pessoas parte, um oráculo se fecha, uma fonte seca e cada vez mais perdemos as principais referências das nossas tradições religiosas.
Desde que comecei a minha vida no candomblé, sempre busquei estar bem próximo aos mais velhos. Cada palavra, cada gesto, cada reclamação, cada sotaque... Tudo sempre foi ensinamento que eu trouxe para dentro da minha cabeça e que levarei adiante.
Nos tempos dos candomblés de hoje, a partida de uma senhora como Mãe Tieta deve servir, principalmente, para repensarmos de quais maneiras queremos dar continuidade ao legado dos nossos ancestrais.
Aqui fica a minha homenagem à Mãe Tieta. Aqui ficam meus abraços à família Ìyá Nassô Oká!
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[1] Mundo, existência, tempo de vida, tempo.
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